segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Canionismo de Montanha


O CANIONISMO - Um resumo da história, curiosidades e técnicas usuais.


INTRODUÇÃO AO CANIONISMO

Canionismo é um esporte de aventura praticado em ambientes naturais, caracterizados por, rios, riachos e córregos.

No Brasil apresentam configurações de garganta e ravina, variando de baixo a alto gradiente, secos ou molhados.

É uma atividade realizada com grupos de no mínimo 3 pessoas e o número máximo é definido por cada local e situação.

Não existe competição, o canionismo é um esporte contemplativo e recreativo.

Seguem normas de conduta, segurança e meio ambiente.

Requer alto conhecimento de técnicas verticais e águas brancas, além de noções apuradas de orientação, auto-resgate e primeiros socorros.

CANIONISMO NO MUNDO


Os primeiros relatos sobre a exploração de cânions e desfiladeiros datam de 1893.

E nomes como os dos franceses Lucien Briet, Armand Janet, e do mais célebre deles, Edouard-Alfred Martel (pai da espeleologia), encabeçam a escassa literatura especializada.

Esses personagens percorreram o Sul da França e Norte da Espanha, adentrando vários desfiladeiros no Maciço dos Pirineus, que separa os dois países.

Em 1905, Martel e sua equipe fizeram em 4 dias a primeira descida completa do Cânion do Rio Verdon, grande façanha para a época, com o material extremamente rudimentar e pesado, de que então dispunham, como escadas e botes de madeira.

As explorações continuaram, mas foram barradas por cascatas muito altas e inexpugnáveis, tiveram de esperar. Martel atuou ainda por mais duas décadas e, depois dele, poucos outros nomes figuram nos anais da história do canionismo. Somente nos anos 1970, com a evolução dos equipamentos de progressão em corda, aperfeiçoados para a exploração de grutas, é que se tem início a exploração sistemática, não só de cavernas, mas também, de cânions e rios em garganta. E o que era então uma espécie de “espeleologia a céu aberto”, ganha adeptos que começam a se dedicar exclusivamente a essa nova atividade.

Nasce assim, o canionismo, que, derivado tanto da espeleologia como do montanhismo, (foi também chamado de “alpinismo em cachoeiras”), passa então a existir como atividade autônoma, com técnicas, equipamentos e objetivos próprios.

O esporte ganhou vários nomes. Na Espanha, barranquismo; na França, canionisme ou gargantisme; na Itália, torrentismo; na África do Sul, kloofing. Mas o nome que se espalha mundo a fora é a expressão inglesa - canyoning.


CANIONISMO NO BRASIL

No Brasil, há relatos de excursionistas gaúchos que, desde a década de 1950 realizavam a travessia de cânions como o Itaimbézinho, na Serra Geral, divisa com Santa Catarina. Mas a atividade aparece, com a “roupagem” que hoje se conhece, apenas em 1989 ou pouco antes.

A atuação de um grupo paulista de exploradores de cavernas foi fundamental nessa fase inicial de introdução da nova modalidade. O grupo encabeçado por Carlos Zaith, contava com Nelson Barreta Filho, Marisa Góes, Paulo Roberto de Oliveira e Walther Guerra, já decididos a lançar cordas nas cachoeiras de maior expressão cênica e a buscar os desconhecidos cânions brasileiros.

A iniciativa ganhou o nome de “projeto H2Omem” e assim esses espeleólogos, como outros lá no velho mundo, passaram a se dedicar exclusivamente à nova prática desportiva.


Através de amigos espeleólogos de Ponta Grossa, no Paraná, o grupo conheceu a região arenítica no entorno desta cidade e, no Rio Quebra-Perna, desceram a cachoeira do Buraco do Padre, que sai de uma caverna e cai numa “furna” com enorme clarabóia, registrando assim, a primeira exploração nos moldes do canionismo - isso em Setembro de 1989.

Decididos a conhecer melhor o “quintal de casa” promoveram então uma verdadeira caça aos rios acidentados (aqueles com mais de uma cachoeira). Chegaram a Brotas e região em 1990, onde exploraram as bacias do Jacaré-Pepira; do Jacaré-Guaçu e do Passa-Cinco. Ao projeto juntaram-se nomes importantes como Marcos Philadelphi e Nicoleta Moracchioli, geólogo e bióloga, dando grande impulso à equipe em inúmeras atuações.

Seriam eles os primeiros a descer os 340 metros mais cobiçados do Brasil, o rapel na cachoeira da Fumaça, na Chapada Diamantina, em 1996.


CANIONISMO NA SERRA DA MANTIQUEIRA

Nasceu pela de iniciativa de dois montanhistas, Bruno Dias e Rogério Cabral.

No ano 2000, os dois montanhistas, até então, futuros canionistas, realizaram a primeira conquista no Cânion do Bugio, localizado próximo a Cachoeira de Itaúna, no município de Baependi. Ano seguinte, os canionistas exploraram o Rio Piracicaba, uma das nascentes mais altas da Serra do Chapadão, também no município de Baependi.

Com a companhia de mais dois colegas, Thiago Viotti e Juliano Pinho, foi conquistada a famosa Cachoeira do Juju e suas belas sequências de quedas, que até então é considerado um dos Cânions mais visitados e clássicos de Minas Gerais. A partir daí, vieram inumeros outros desafios e dezenas de outras conquistas, até que em 2003, o grupo já formado com mais 2 canionistas, Filipe Condé e Roberto Paiva Filho, fizeram a tão esperada e complexa, conquista ao Cânion do Cavalo Baio. Surgia ai uma nova era do esporte na região.



O CÂNION DO CAVALO BAIO

Localizado no município de Baependi,  na Serra do Canjica, o Cavalo Baio está hoje, inserido nas áreas de proteção do Parque Estadual da Serra do Papagaio, (PESP).

O Cavalo Baio foi percorrido pela primeira vez, em duas etapas, sendo uma em 18 de Abril de 2003 e a outra, um mês depois. Na ocasião participaram da expedição os Canionistas, Bruno Dias, Rogério Cabral, Filipe Condé e Roberto Paiva Filho.

Após a conquista a repercusão se espalhou por toda comunidade canionista do país. O Cavalo Baio tornou-se noticias de revistas, programas de TV e até mesmo referência nacional, por ser o maior em desnivel com 1.050 metros.


CANIONISMO NA SERRA DO PAPAGAIO

Em virtude a grande expedição ao Cavalo Baio em 2003, o Canionismo na Serra do Papagaio emplacou-se afinco, promovendo inumeras outras expedições, até que, em 2005, o município de Baependi, detentor do maior potencial para a prática do canionismo na Serra do Papagaio, sediou o VI Encontro Brasileiro de Canionismo, aproximando adeptos pelo esporte de diversas regiões do Brasil e até mesmo, da Europa, onde surgio o esporte.

Atualmente a Serra do Papagaio possui a maior e mais moderna estrutura para a prática do Canionismo no Brasil. São 28 cânions já percorridos, mais de 230 cachoeiras exploradas, 23.000he de exuberante beleza cênica e aproximadamente 40 cânions ainda por explorar.

Toda essa diversidade está protegida pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio, que abrange os municípios de Alagoa, Aiuruoca, Baependi, Itamonte e Pouso Alto. No plano de manejo da unidade está definido que o canionismo é um esporte de baixo impacto ambiental, sendo sua prática permitida a nível esportivo, podendo apenas ser praticado através de monitores credenciados e qualificados pela AMICânion.


CANIONISMO DE MONTANHA




No Brasil consideramos canionismo de montanha, qualquer drenagem com altitude superior aos 1.800 metros, acima do nível do mar. Acima dos 1.800 metros, também se aplicam as leis de preservação ambiental como: Proibição do tráfego de veiculos auto-motores, contruções físicas, aberturas de estradas, movimentação de terra, APP, entre outros. Salvo apenas as estruturas existentes antes da aplicação da lei.

O Canionismo de montanha é uma modalidade praticada hoje, apenas no complexo da Serra da Mantiqueira, que além de possuir altitudes bem superiores aos 1.800 metros, possuem também, as nascentes mais altas do país. O Canionismo de montanha nasceu na Serra do Papagaio, nas vertentes da Mantiqueira, no município de Baependi, Sul de Minas, em 2003 com a conquista do Cânion do Cavalo Baio.
Diferentemente dos demais cânions, a prática do esporte em montanha requer um conhecimento mais apurado, mais técnico, com utilização de equipamentos e materiais apropriados para situações de montanha extrema. 

Dois fatores são primordiais para o sucesso e concretização de uma expedição para percorrer um cânion de montanha, são os cuidados com as diferenças climáticas, temperatura da água e dificuldade de acesso aos cânions.

O Canionismo de Montanha perpertua por apresentar baixas temperaturas na água, sendo em sua maioria de 05 a 13 graus positivos. Normalmente são drenagens com baixo volume de água, pois são muito altas e não existem uma grande capitação de água que os tornem volumosos. O acesso normalmente é muito demorado e complexo, podendo levar horas ou até mesmo dias para ser percorrido. 

Até o momento existem apenas 15 cânions já percorridos e considerados de montanha no Brasil, sendo boa parte na Serra do Papagaio e apenas um na Serra Fina, divisa MG/SP.

DEFINIÇÕES DO CANIONISMO

Travessias:

 - Cânions secos de baixo gradiente;
 - Cânions molhados de baixo gradiente;
 - Cânions de alto gradiente;

Progressão por Rapel:

 - Cachoeiras de pequeno e médio porte;
 - Cachoeiras superiores a 180 metros.

Técnicas Usuais:

 Marcha Aquática;
 Natação;
 Flutuação;
 Tobogãs;
 Saltos;
 Rapel Normal;
 Rapel Guiado;
 Rapel Debreável;
 Rapel Desviado;
 Tirolesa
 Auto-Molinete;
 Subida em Corda;
 Desvios e Fracionamentos;
 Corrimãos.

Equipamentos Utilizados

Corda Estática.
Capacete.
Cadeirinha Hidro.
Roupa de Neoprene.
Mosquetões.
Descenssores.
Ascenssores.
Fitas Tubulares e Planas.
Mocilas Estanque e Vazadas.
Canivete.
Lanterna de Cabeça.
Kit Primeiros Socorros.
Chapeletas e Grampos.
Brocas SDS e Buriladores.
Calçados Adequados H2O.
Sacos Estanques ou Bidones.
Mapas e Cartas Topograficas.
Luvas e Apito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Associação Mineira de Canionismo, em parceria com o Projeto “O Brasil Anfíbio'', considera as informações contidas neste Blog de suma importancia para divulgação e valorização da prática do Canionismo em todo o Brasil. 

Brevemente será lançado a nível nacional o periódico de Topo Guias dos cânions da Serra do Papagaio, material inédito no país.

Buscamos através do canionismo a valorização da água, não só como fonte de vida, mas também, como fonte de energia, dela se aproveita tudo e o canionismo, diferentemente dos demais esportes de montanha, depende 100% da água e isso, nos leva ao respeito mutuo e a obrigação de conhecer, explorar e valorizar, nosso bem maior a ÁGUA!!! Conhecer para Preservar.....Ninguém preserva o que não conhece!






terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Parque Estadual da Serra do Papagaio

Após vários anos da implementação e alguns da conclusão do Plano de Manejo. Hoje, o Parque Estadual da Serra do Papagaio, através de sua nova diretora Clarice, vem propor aos seus conselheiros e colaboradores a proposta de um plano de visitação no entorno e dentro da área da unidade de conservação. A reunião que define este assunto será amanhã dia 10/08/2011 - Quarta-Feira - às 14:00h. No Sindicato Rural de Baependi.

É importantíssimo a presença de todas as pessoas interessadas e preocupadas com as questão de desenvolvimento do PESP. Os conselheiros e a diretoria ficarão gratos da participação da comunidade.

Serra do Papagaio, 09/08/2011.

Bruno Dias..